Um dia, um coelho muito sábio me falou que o eterno às vezes dura apenas um segundo. Eu ri, é claro. Aquele coelho só podia estar ficando louco. Como assim o que é eterno pode durar apenas um segundo? O que é eterno é eterno, ué. É para sempre.
Com o tempo, eu comecei a andar correndo e minhas convicções sobre o eterno ser para sempre que antes pareciam tão absolutas, foram mudando. É o que acontece. O tempo muda tudo. Um dia, nós temos oito anos e estamos brincando em um parque de diversões torcendo para crescer logo e fazer coisas que adultos fazem. Até que esse dia chega e a gente percebe que não existe o para sempre. Não existe nada que seja eterno. Existe apenas a efemeridade da vida. Essa é a verdade e não podemos fugir dela.
Tudo é incerto. A realidade é mutável. Não há nenhuma convicção absoluta. Até o sol, o grande astro, um dia vai parar de brilhar. O para sempre é apenas uma fantasia criada para entreter as crianças. As pobres crianças que sonham em viver felizes para sempre. As pobres crianças que não imaginam o quanto aquele coelho tão esperto tinha razão. Às vezes, o eterno dura apenas um segundo e inexplicavelmente, o que devia ser para sempre se vai. Perde-se no ar.
Não dá para perder tempo porque o tempo não é certo. Muda constantemente, tira tudo do lugar. Tudo é temporário. Tudo é efêmero. E essa é a única convicção que temos: nada é eterno.