Quem eu sou? Não sei mais a resposta. Só hoje já mudei milhões de vezes. Mais uma vez, me perdi e não sei quando vou me reencontrar. É terrível isso. Saber que o caminho que trilhei me levou para um lugar desconhecido. Saber que as escolhas que fiz me fizeram uma estranha para mim mesma. Como me reencontrar? Como me reconhecer?

Sinto saudades de quem eu era. De quem fui. Há alguns anos, eu era uma menina cheia de sonhos que vivia saltitando, mostrando para todos as suas palavras, sonhando com o dia que mudaria a vida de alguém com elas. E hoje? Onde essa menina foi parar? Hoje ela se tornou alguém irreconhecível. Alguém que ainda tem sonhos, porém não acredita mais neles. Alguém cheia de marcas e cicatrizes.

É triste se perder. Já não sei quantas vezes me desencontrei de mim mesma, nadei para o lado contrário daquilo que eu realmente queria. E dessa vez, a maré parece estar me levando para mais longe e mais longe. E eu me deixo ser levada, porque não tenho mais forças para lutar contra aquilo que me arrasta. Eu me permito ser frágil, porque a força dentro de mim já se esvaiu e não sei mais como recuperá-la. Lutar para quê? Para ver minha própria derrota? Meus olhos já não aguentavam mais ver tanta derrota. Minha rinite estava farta de respirar o pó que os meus sonhos se tornavam. Eu estava farta de ver as borboletas tão vivas dentro do meu estômago morrerem. Estava farta de ver meu jardim morrer, minhas flores secarem, cheias de fome e sede.

Dizem que quando estamos afundando, aprendemos a respirar debaixo d'água. E eu espero descobrir isso. Porque afundar era o meu próximo passo. Estava tão perto. Mas depois de afundar e aprender a respirar, eu esperava ser resgatada. Não por alguém. Por mim mesma. Eu mesma ia me resgatar e encontrar a minha força. Se o que realmente dizem é verdade, que depois do caos vem a calmaria, que depois da derrota vem a vitória, então a minha já estava próxima. Mesmo no fundo do poço, eu ainda tinha um pequeno rastro de esperança. Mesmo perdida, eu ainda esperava ser encontrada.